Na COP30, Ana Carolina Lourenço destaca o papel da cultura para aproximar a política climática das pessoas
A COP30 está acontecendo no Brasil, em Belém do Pará, e o ICCI está presente. Ana Carolina Lourenço, nossa Diretora Programática, participou nesta quarta-feira, 12 de novembro, do painel “Clima, Cultura e Diáspora Africana: Conectando Territórios e Narrativas Ancestrais para a Justiça Climática”, realizado no pavilhão da Climate Live.
O debate destacou o papel relevante que a cultura desempenha na mobilização das pessoas, na valorização e preservação dos saberes tradicionais e no fortalecimento de iniciativas em prol da justiça climática. O painel evidenciou ainda como a ancestralidade contribui para a criação de narrativas poderosas e inovadoras, que resistiram à diáspora africana e que, hoje, continuam inspirando ações locais e globais. Essas perspectivas se manifestam como oportunidades para plantar novas formas de ver o mundo, celebrar culturas que foram arrancadas ou sufocadas e reconhecer que o modo de imaginar o mundo também constitui um território.
Em sua fala, Ana Carolina comemorou o fato de a cultura integrar as discussões da COP30, especialmente porque ela molda a imaginação coletiva e influencia os debates públicos, se materializando como um território potente de disputa de narrativas, capaz de mobilizar consciências e estimular ações por justiça climática.
“A criação de um dia da Cultura na COP, pela primeira vez, é uma conquista do movimento climático que deve ser celebrada. A cultura é o caminho para aproximarmos a política climática das pessoas e tornarmos possível a implementação de soluções para a crise climática”, afirmou, citando Lélia Gonzales e seu livro “Festas Populares no Brasil” como referência para analisar como a população negra disputou e redefiniu o imaginário do que é ser brasileiro, sem separar o trabalho político do trabalho cultural. A perspectiva levantada por Ana Carolina convidou o público do painel a ampliar sua imaginação coletiva, em sintonia com a visão de Nego Bispo de que a oralidade ensina a imaginar, e quem imagina aprende a sonhar futuros. Um caminho que reforça a importância de olharmos para as dimensões de gênero, raça e classe para compor o debate e discutir interseccionalidade.
O painel contou também com Gabriel Mendes (Climate Live Brazil), Kumi Naidoo (Riky Rick Foundation), Marcele Oliveira (Campeã de Juventude da COP30 no Brasil), Marcelo Rocha (Instituto Ayika) e Rahmina Paulette (Climate Live Kenya), com moderação de Marina Marçal (Waverley Street).